domingo, 27 de setembro de 2009

Matemática


(sem crédito: desenho retirado da net)

PROVA DE MATEMÁTICA
.
Quando abri os olhos da manhã milhares de números pulavam e gritavam na minha cama. Gritei por minha mãe mas ela não escutou. Também, eu sabia por que: nas manhãs saudosistas ela metia o MP4 nos ouvidos e escutava aqueles rocks antigos, e eu sabia que o preferido dela era a guitarra do Chuck Berry ,"It Don’t Take But a Few Minutes": "one, two, tree,four, five, six ...".
.
– MÃÃÃÃÃEEEEEE!!!!!!!!!!!!
.
"Seven, eight, nine, ten...".
.
Passei a rasteira básica do Bruce Lee (eu aprendia Kung Fu) em toda a base do meu colchão lá se foram os malditos números. Não é que subitamente voltaram para a hospedagem: minha mente.
Era o jeito levantar. Você deve tá perguntando por que tou falando de números: é que nesse dia ia haver prova de matemática! Né não? Qualquer um fica estressado com prova de matemática no dia seguinte!
.
Twist do Chuck Berry no café-com-leite-bolinhos-de-queijo. Mamãe é deusa. Mas não adiantava gritar mamãe, também eu já sabia me defender de tantas matéria que não fosse a matemática, por exemplo, português, duvido que o verbo ferir me fira - falar em verbo, coitada da mamãe quando dizia, se dizia, eu pairo... ai, ai...
.
Pulei da cama e corri direto pro banheiro, nu, minha pinta carregava o nº 1 na horizontal. Liguei o chuveiro e lá vem chuva de números frios. Mijar o quente do 10,0 ou 9,0 na prova , tudo bem. Ainda bem que não veio a vontade do fazer cocô, era zero na certa, mamãe sentiria o fedor.
.
Saí do banheiro direto para o vestir do uniforme da escola. Ainda bem que minha pinta havia murchado. Aí dei uma sacudidela no corpo para expulsar gotículas insistentes, como cachorro faz depois do banho. Foi número pra todo lado. Alguns rolaram porta afora e rolaram até a cozinha, aos pés da mamãe. Foi quando ela recolheu alguns e vi quando ela colocou no café, como se fosse açúcar, e mexeu, mexeu, mexeu no bule até a colher chegar à sua língua, acho, no ponto ideal.
.
À mesa ela explicou que o dono da matemática era um sujeito que tinha uma bomba na cabeça, mas que nenhum menino ou menina não precisava ter medo não, era uma bomba que explodiria inteligência pra todo lado!
.
Após a prova.
.
– E aí, filhinho, como foi a prova de matemática?
– Ih, mãe, explodiu pedaços de prova pra todo lado. Poeira de todo número. Terrorismo total. Restaram escombros.
– Escombros?
– De burrice!
– Acho que você anda lendo poesia demais.
.
F. Wilson

sábado, 19 de setembro de 2009

Poesia na veia


(fotos retiradas do blog textura)

Valéria Tarelho é uma poetisa que admiro.

Conheci-a na internet nem sei como. Casualmente acessei o blog "textura" e vai que leio suas poesias, e como se de longe enxergasse a alma, e logo depois quisesse ouvir sua fala, como antigamente se fazia, domei meus instintos e equilibrei a vejetação da loucura - que me cresce em pêlos pelo corpo.

Valéria é uma perpétua adolescente, entrega-se a força irracional da poesia para criar vida a quem tem de verdade e a quem tem artificialmente.

Ela é loira, de forma clássica e pertence à sua essência: poesia raça pura.


sapeando

.

sapo espuma, espuma

se ensaboa

toma banho na lagoa

em dia quente

cantarolando contente

coaxo, coaxo

.

sapo pula, pula

dançando livremente

o brejo canta em coro

coaxando alegremente

coaxo, coaxo

.

sapo infla, infla

incha o papo

espicha a lingua e fisga o almoço

não mexeu nem o pescoço

coaxo, Coaxo

.

sapo

coaxa, coaxa

infla, infla

pula, pula

espuma, espuma

e sapeia

.

sapo não faz cara feia!

(Valéria Tarelho)

Poesia extraída do blog Textura.

Tucky Buzzard




Sempre antes de dormir deixo o computador ocupado, baixando algum disco ou filme raros, antigos, etc., que não encontro nas lojas. Aí na manhã seguinte abro o programa WinRAR e escuto o humanamente esquecido.
.
Hoje, esse sábado 19, sem rima e meio sem graça, foi estimulado pelo impulso do hard rock, estilo musical que dá a substância necessária aos meus ouvidos no dia-a-dia. Mas eu quero escrever sobre esse grupo de rock de 1971: Tucky Buzzard. Não sei até onde seu nome e música fizeram concessões à crítica da época, tampouco o caminho percorrido para domar o sucesso almejado.
.
Na primeira música, "Time Will Be Your Doctor" , guitarras pesadas; "Sky Balloon" (cd 2) teclados inquietantes dão idéia de instintos desordenados. O batera chuta o mundo a seus pés. letra é outra história.
.
A letra, às vezes, se encarna na música como se poesia fosse alma da música ou vice-versa. Mas uma não depende da outra. Beethoven não colocou uma sílaba na sua música, assim como Drummond não disciplinou seus versos às notas musicais.
.
O disco do Tucky Buzzard é ótimo. Confiram baixando pelo link abaixo (emprestado do blog Masterpiece - ex-acorde final).
.
"Time Will Be Your Doctor" - 1971
.
CD 1 - http://www.megaupload.com/?d=9B67D6QG
CD 2 - http://www.megaupload.com/?d=L7YCE7M9

domingo, 13 de setembro de 2009


Shuggie Otis é um guitarrista que escutei há uns dois anos depois que li comentário de críticos de música que acompanho vez em quando, brasileiros, americanos e outros traduzidos.

A crítica é importante, mas o que eu levo em conta mesmo é a minha experiência pessoal, e de música eu acho que já deu para entender um pouco. Com toda a certeza, o amigo Leonam é o ouvido mais afinado em todos os estilos musicais. O chato é que ele escuta, está sempre ouvindo algo de novo, e não faz o comentário necessário do que tá ouvindo, nem em blog, nem a gente falando, nem caçando.

Mas tudo bem. Taí um guitarrista dos anos 70, de todos os tempos, de todas as notas musicais. O estilo predominante é, para variar, eu ia dizer BLUES, mas a influência maior é o JAZZ!!

Confiram baixando gratuitamente pelo link emprestado:

http://www.megaupload.com/?d=4ANIGS8P

Fonte do link: http://www.masterpiece.blogspot.com/

Keith Jarrett


Interlúdio - Keith Jarrett Trio - At the Blue Note - CD 3

1 Autumn Leaves

2 Days Of Wine And Roses

3 Bop-Be

4 You Don’t Know What Love IsMuezzin

5 When I Fall In Love

Keith Jarrett - PianoGary Peacock - Double BassJack DeJohnette - Drums

Download:

http://rapidshare.com/files/271496003/Keith.Jarrett.Trio.-.At.The.Blue.Note.CD3.rar

Fonte: P.Q.P. Bach

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Poesia invadindo "Tarântulas"

(foto sem crédito)

J. L. Rocha Nascimento

BORGES

penetrei intricados labirintos
cruzei infinitas câmaras
e antes que minhas retinas mourejassem
fiz concessõesde que me envergonhei
depois
e
não me perdi

na saída
vi um jardim de tulipas negras
um rio circular
em cujas águas purifiquei o corpo
quando emergi e me pus em terra firme
desfiz-me em grãos de areia
tornei-me infinitesimal
ainda assim
senti frio

fui varrido pelo tempo
busquei abrigo
numa das mil e uma noites
[imaginei que ali encontraria o sentido de tudo]
aqueci-me
mas aí veio a febre
numa delas
sonhei
que dormia como um justo
nos braços de Sherazade

toquei com o dedo a lâmina do espelho
vi vários de mim
multiplicados
sem fim
como naquele jogo que inventastes
sonhos tigres punhais

hoje são teus olhos
[Deus irônico!
engolidos pelo breu da noite]
guias opacos
que me arrastam
como a tua sombra
pelos corredores da biblioteca hexagonal

eu li [tu dissestes]
não há nada que é
ou que será
que [eu] já não tenha sido

agora sei do outro
[que é] o mesmo
ser Borges
duplo de si mesmo

eu sei você vai saber


Conferir em www.confrariatarantula.blogspot.com